24/05/2021

“E S G” as três letras que estão transformando o mundo corporativo – Parte I

24/05/2021

“E S G” as três letras que estão transformando o mundo corporativo – Parte I

Quando falamos de “ESG” (Environmental, Social and Governance) ou em português “ASG” (Ambiental, Social/Sociedade e Governança), estamos falando de práticas de gestão do mercado corporativo “Empresarial”, onde o principal fundamento vai além da visão econômica e financeira da organização (Ex: Rentabilidade e retorno para os acionistas), expandindo a sua visão para os aspectos de boas práticas ambientais (E), sociais (S) e de governança (G). Esse é o papel que as organizações trazem e o impacto positivo que geram no mundo.

O termo serve para medir o engajamento de uma empresa em minimizar impactos ambientais, cuidar de seus funcionários e das comunidades, e melhorar seus processos de administração interna e de governança, combatendo fraudes, corrupções, assédios e outros ilícitos, garantindo assim atividades éticas e morais. Ou seja, o compromisso da empresa com a sustentabilidade, em todos esses quesitos.

O termo ESG também serve como critério para investidores e fundos aportarem ou não dinheiro em uma companhia. Em vez de avaliar apenas as questões financeiras, os fundos ESG ou verdes se preocupam como aquela determinada empresa lida com as questões do meio ambiente, as questões sociais e de governança. É o famoso termo utilizado no mercado financeiro “entre ganhar dinheiro e mudar o mundo, fique com os dois”.

Segundo a classificação da B3 (Bolsa, Brasil, Balcão) no processo de inscrições para o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), as empresas preenchem um questionário composto por sete dimensões: econômico–financeiro, geral, ambiental, governança corporativa, social, mudança do clima e natureza do produto.

 

Como o ESG pode atuar nas questões do Meio Ambiente, Social e da Governança:

 

ESG “Environmental ou Ambiental”.

Uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa (CO2, gás metano…), eficiência energética, poluição, gestão de resíduos e efluentes.
São os esforços de uma determinada empresa em atender o critério ambiental. Adotando medidas ou implementações para preservar o meio ambiente. 

Esses esforços e medidas de preservação do meio ambiente, podem ser praticadas por todas as empresas, seja ela pequena ou grandes corporações, essa prática pode se dar de forma simples, como exemplo: Consumo consciente de água e energia; redução de impressões e papéis de escritório; utilização de painéis solares; coleta seletiva de lixo; consumo consciente de produtos; plantações de mudas; entre outros.

Além das práticas simples, temos também a prática complexa, onde podemos citar quais os controles são tomados em relação as poluições, como exemplo: Redução de emissão de gases de efeito estufa (CO2, CFC, entre outros); Instalação de filtros em chaminés; Gestão de resíduos (instalação de tratamento de resíduo e descarte adequado de resíduos); busca por matérias primas mais ecológica e menos poluentes; substituições de fornecedores poluentes para fornecedores com selos ecológicos “green”; entre outros.

 

ESG: “Social”.

Políticas e relações de trabalho, inclusão e diversidade, engajamento dos funcionários, treinamento em todos os aspectos (Saúde, Segurança, Meio Ambiente, Profissionalização e Compliance), direitos humanos, relações com a comunidades e fornecedores

Refere-se aos cuidados que a empresa tem com seus funcionários e também com as comunidades. Internamente, pode ser assegurar o cumprimento das leis e questões trabalhistas e o bem-estar dos funcionários, manter medidas de segurança para os colaboradores ou adotar uma política de contratação focada na diversidade, levando em conta gênero, raça, orientação sexual e PCDs.

Com o público externo, os clientes, se aplica neste pilar as práticas de diretos do consumidor, proteção de dados e privacidade. E com a comunidade do entorno, a manutenção de uma boa relação, apoio e fortalecimento da economia local.

 

ESG: “Governance ou Governança”.

Esse pilar de Governança está ligado ao plano estratégico, negócio e gestão da empresa, tendo como atributos o papel do Compliance, como: instauração de controles internos e auditorias; mitigação de risco; accountability (prestação de contas e transparência); enforcement (aplicação no gerenciamento de conflitos de interesses “segregação de função”, definição de responsabilidades), além destes atributos se faz necessário as boas práticas (Código de ética, Código disciplinar e Código de Conduta), agir em conformidade, seguir regras de conduta, normas e legislações.

Também podemos citar a independência dos Conselho de Administração (CA), atenção aos stakeholders, estruturação dos comitês de Compliance, ética, auditoria, fiscal e reputacional.

 

Empresa que tiveram pontos de atenção no que tange as práticas ambientais, sociais e de governança.

 

Algumas empresas estiveram nos holofotes das mídias por descumprirem ou por não estarem em conformidade com as regras, normas e legislações.

Das três letras, o “G” de governança mostrou o episódio da interferência na Petrobras pelo presidente Bolsonaro, que custou uma queda das ações (PETR4). Além dos problemas anteriores com fraudes e corrupções.

Descuidos no “E” de ambiental (environmental) também já teve seus impactos com a queda de ações e pagamentos de indenizações e multas, como na tragédia do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho.

O “S” de social teve sua repercussão quando um homem negro, cliente do Carrefour, foi espancado e morto por seguranças de uma loja da rede.

 

Impacto negativo de não adotar o ESG:

A lógica é que as ações de companhias que não cuidam dessas questões de ESG terão um desempenho pior e possuem maior risco.

Outros impactos de não adotar o ESG são as perdas de investimentos (Fundos de ESG, ações da Cia, desinteresse de investimentos na Cia) perda de dinheiro (Punições, sanções e pagamentos de multas por infrações, ilícitos e descumprimento de normas) e perda de reputação, já que cada vez mais o mercado e a própria sociedade cobram práticas mais eficientes e eficazes de compliance, sobretudo de ESG.

 

Impacto positivo em adotar o ESG

Para os investidores que apostam em empresas com essas características “ESG ou ASG”, teoricamente há menos riscos e maiores retornos, pois empresas que realmente adotaram os critérios e as práticas ESG fornecem dados e análise para o mercado de companhias bem geridas e com boas práticas ambientais e de governança, o que tende a se refletir em melhores rentabilidades com baixos risco, baixos custos ambientais e operacionais, fortalecendo sua reputação, transparência e vantagem competitiva.

“Não adianta buscar um bom modelo de negócios sem ESG, porque não vai ter perenidade. Mas também não adianta buscar uma empresa ESG sem um bom modelo de negócios” (Florian Bartunek, sócio fundador e CIO da Constellation Investimentos).

“Desenvolver a pauta ESG pode melhorar o acesso ao capital, mitigar riscos e atender uma demanda crescente dos investidores, consumidores e da sociedade.” (Ana Buchaim, diretora de sustentabilidade da B3).

 

Empresas que Utilizam ESG:

Esse critério de avaliação vem sendo utilizados pelo mercado financeiro, para estimar o desempenho e rentabilidade das empresas ESG e direcionar investimentos para elas. 

As empresas que utilizam ESG são empresas de capitais aberto (S.A) listada em bolsa, não quer dizer que outras empresas não possam implementar o conceito de ESG.

Segundo o Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3* (ISE), as empresas que utilizam esses padrões ambientais, sociais e de governança são: Natura, Neoenergia, WEG, lojas Americanas, TIM, BTG, B2W, Cielo, Lojas Renner, entre outras.

Até o momento empresas com capital aberto não estão obrigados a divulgar seu grau de diversidade, no entanto a CVM está buscando exigir do mercado de capitais de empresas brasileiras dados sobre inclusão étinica e pauta ESG.

OBS: * Poderá haver alterações nos índices (ISE B3) com o ingresso de novas empresas e com saídas de empresas que não cumpriram os requisitos ESG, como exemplo a Braskem.

 

Continuação artigo: “E S G” as três letras que estão transformando o mundo corporativo Parte II 

 

Fontes:

Além das pesquisas relacionadas ao tema “ESG” ou “ASG”, também trouxe um pouco da minha experiência em processos de M&A, e de implantação de sistemas e políticas de implantação de compliance, cujo os pilares são aderentes ao tema.

Fontes de consultas:
– Blog – BTG Pactual Digital;

– Revista Carta Capital: “Greenwashing e socialwashing na moda diluem possibilidades de mudanças”, coluna Fashion Revolution (10/08/2020);

– Revista Época Negócios: “Sustentabilidade Corporativa morreu. Vida longa ao ESG”;

– Revista Exame, “Os melhores fundos ESG para investir, ganhar dinheiro e melhorar o mundo“;

– Site BNDES:
https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/blogdodesenvolvimento/detalhe/A-difusao-da-agenda-ESG-no-mundo-e-no-Brasil/#ref12

– Site Infomoney:
https://www-infomoney-com-br.cdn.ampproject.org/c/s/www.infomoney.com.br/onde-investir/fabio-alperowitch-da-fama-brasileiro-ainda-precisa-separar-investimentos-esg-da-filantropia/amp/

– Site Nações Unidas Brasil:
https://brasil.un.org › pt-br › sdgs

– Site Valorinveste:
https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/bolsas-e-indices/noticia/2020/12/01/bolsa-divulga-empresas-do-indice-de-sustentabilidade-de-2021-veja-a-lista.ghtml