25/05/2021

“E S G” as três letras que estão transformando o mundo corporativo Parte II

25/05/2021

“E S G” as três letras que estão transformando o mundo corporativo
Parte II

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 

O Índice (ISE) busca acompanhar o desempenho de uma empresa, em relação à questão da sustentabilidade. Para isso, ele considera fatores ligados a questões como:

  • Eficiência econômica;
  • Atuação ambiental;
  • Governança;
  • Ações de promoção social.

O índice surgiu em 2005 e, desde então, tem se mantido como uma das alternativas relevantes para benchmark de fundos verdes.

Índice Carbono Eficiente (ICO2)

A criação deste índice se deu pela B3 em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com base nas questões associadas ao aquecimento global.

O índice é composto por empresas participantes do IBrX-50, que se comprometeram a desenvolver práticas para redução dos chamados gases do efeito estufa. Assim, ele envolve empresas de setores mais tradicionais, comumente, associadas à emissão de carbono.

S&P/B3 Brasil ESG

Em 2020, a B3 lançou mais um índice útil para quem tem foco em investir em fundos ESG: o S&P/B3 Brasil ESG. Ele foi desenvolvido em parceria com a S&P Dow Jones e usa alguns critérios, com foco na Avaliação de Sustentabilidade Corporativa.

O índice é formado por companhias integrantes do índice S&P Brazil BMI, desde que estejam alinhadas ao Pacto Global e não sejam de certos setores, considerados pouco sustentáveis.

Outros índices

A bolsa brasileira B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) conta, ainda, com outros índices:

  • Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC);
  • Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT);
  • Índice Governança Corporativa — Novo Mercado (IGC-NM);
  • Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG).

Importante ressaltar que dependendo do ramo de atividade da empresa, poderá haver uma atuação maior no “S”e no “G” do que no “E”, ou em muitas vezes não conseguem atender o quesito “E”, o que fazer quando esbarrar nesse dilema?

Alguns ramos de atividade como mineração, petróleo & gás e outras, muitas das vezes não conseguem atender o quesito “E” ambiental, nestes casos a empresa poderá compensar o seu dano ambiental. É claro que estas empresas poluidoras tem que manter os esforços para que cada vez mais possa reduzir e controlar seus impactos, mesmo assim, a sua atividade propriamente dita, já é um risco ao meio ambiente, então estas empresas poderão compensar o seu impacto com outras alternativas, outras compensações como exemplo: Compra de crédito de carbono, reflorestamento, educação ambiental, redução na emissão de carbono, uso responsável de energia e água, investimento em energia limpa e redução de lixo, coleta seletiva de lixo, programas de compostagem entre outros.

Há outros setores como os de serviços de Tecnologia, logística, varejista e etc. onde o peso é maior no “S”, de social, e “G”, de governança, mas estas atividades podem atender o “E” ambiental, reduzindo o consumo de energia, água, impressões de papeis, descarte consciente entre outros.

O Conceito de ESG é cumprir à risca os fatores ambientais, sociais e de governança, é mais que uma obrigação de cumprir o seu objetivo, propósito (Compliance ambiental, trabalhista, consumerista, societário, financeiro, tributário e outros) é um pacto com a humanidade de melhorar nosso planeta em todos os aspectos.

“ESG significa um filtro de maior qualidade, maior retorno e menor risco aos investidores” (Fabio Alperowitch, cofundador e gestor da Fama Investimentos)

As empresas com estratégia ESG levam em conta não só os objetivos dos Shareholders[1] como também adotam objetivos de sustentabilidade e de melhorias para a sociedade, considerando todas as partes envolvidas no negócio Stakeholders[2] (funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, governos e organizações diversas),

[1]Shareholders: Retorno financeiro para os sócios, acionistas ou investidores.

[2]Stakeholders: Funcionários/colaboradores, fornecedores, clientes, consumidores, governos, sindicatos, comunidade, sociedade e organizações diversas).

Empresas ESG contribuem também para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas, que estabelecem metas para redução da fome, desigualdade, degradação ambiental, pobreza, mudanças climáticas, inovação, consumo sustentável, justiça, entre outras.

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nasceram em 2012 na Conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável conhecida como Rio+20 e proposto em 2016 aos líderes mundiais pela ONU.

O objetivo foi produzir um conjunto de metas que suprisse os desafios ambientais, políticos e econômicos mais urgentes que nosso mundo enfrenta.

1. Erradicação da pobreza - Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

2.  Fome zero e agricultura sustentável - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.

3. Saúde e bem-estar - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.

4. Educação de qualidade - Assegurar a educação inclusiva, e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.

5. Igualdade de gênero - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

6. Água limpa e saneamento - Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.

7. Energia limpa e acessível - Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos.

8. Trabalho de decente e crescimento econômico – Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.

9. Inovação infraestrutura – Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.

10. Redução das desigualdades - Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.

11. Cidades e comunidades sustentáveis - Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.

12. Consumo e produção responsáveis - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.

13. Ação contra a mudança global do clima - Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos.

14. Vida na água - Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

15. Vida terrestre – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade.

16. Paz, justiça e instituições eficazes - Promover sociedades pacíficas e inclusivas par ao desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.

17. Parcerias e meios de implementação – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

O ESG se tornou uma aderência obrigatória entre as melhores práticas relacionadas aos critérios de caráter ambiental, social e de governança corporativa. A anos algumas empresas aderem os critérios do “Triple Botton Line” [3], da agenda 2030 e a observância dos ODS da ONU.

[3]Triple Bottom Line, o tripé da sustentabilidade ou, conceito também conhecido como 3 P’s da Sustentabilidade (People, Planet, Profit, ou em português, PPL, Pessoas, Planeta, Lucro).

Não basta mais a adesão de contratos, assinaturas de documentos e a fixação de compromissos em papel para se atingir os critérios de sustentabilidade, é preciso mais do que isso, é preciso esforços, ações, execuções e combater a maquiagem verde praticadas por algumas empresas que se dizem “green”. É indispensável também a demonstrações de impactos ambientais e demonstrações positivas que a sustentabilidade causa no negócio.

O Decreto Federal nº 10.387/2020 estende benefícios fiscais e sociais relevantes aos green bonds e social bonds. O Decreto nº 10.387/20, publicado em 5 de junho, representa um importante passo para desenvolver no Brasil o mercado de títulos verdes (ou green bonds), como são conhecidos os títulos de renda fixa destinados à implantação, expansão ou refinanciamento de projetos ou ativos que tenham impacto positivo do ponto de vista ambiental ou climático, bem como o de títulos sociais, que proporcionam impactos positivos para a sociedade.

A lição que fica é que não adianta fazer discurso de sustentabilidade, social ou de compliance sem cumprir os valores, objetivos e missão empresarial, além de normas, políticas e legislações nacionais e internacionais. A sociedade também está de olho no greenwashing[4], no socialwashing[5] e no diversitywashing[6].

[4]Greenwashing: “lavagem verde” que consiste em promover ações de marketing e publicidade com apelo ambiental, de forma ilusória ou até mesmo mentirosa, apenas para vender, lucrar e impulsionar-se no mercado. O Greenwashing é como uma maquiagem verde que o marketing joga em cima dos produtos, como se o discurso fosse uma embalagem bem bonita, mas quando você abre, não tem nada. ” O greenwashing não é apenas sobre informações falsas, mas também sobre aquelas distorcidas.

[5]Socialwashing ou pinkwashing: “lavagem social”, é um termo utilizados para causas sociais (feminismo, antirracismo, direitos LGBTQIA+, etc.) apenas para fins comerciais, afirmando um compromisso com a sociedade civil que na íntegra não é real.

[6]Diversitywashing: “lavagem da diversidade”, é um termo que se refere a empresas que pregam a importância da diversidade e da inclusão apenas para “sair bem na foto” e parecer conectada com um público cada vez mais exigente.

Fontes:

Além das pesquisas relacionadas ao tema “ESG” ou “ASG”, também trouxe um pouco da minha experiência em processos de M&A, e de implantação de sistemas e políticas de implantação de compliance, cujo os pilares são aderentes ao tema.

Fontes de consultas:

  • Blog – BTG Pactual Digital;

Revista Carta Capital: “Greenwashing e socialwashing na moda diluem possibilidades de mudanças”, coluna Fashion Revolution (10/08/2020);

  • Revista Época Negócios:

“Sustentabilidade Corporativa morreu. Vida longa ao ESG”;

  • Revista Exame, 

“Os melhores fundos ESG para investir, ganhar dinheiro e melhorar o mundo“;

  • Site BNDES:

https://agenciadenoticias.bndes.gov.br/blogdodesenvolvimento/detalhe/A-difusao-da-agenda-ESG-no-mundo-e-no-Brasil/#ref12

  • Site Infomoney:

https://www-infomoney-com-br.cdn.ampproject.org/c/s/www.infomoney.com.br/onde-investir/fabio-alperowitch-da-fama-brasileiro-ainda-precisa-separar-investimentos-esg-da-filantropia/amp/

  • Site Nações Unidas Brasil:

https://brasil.un.org › pt-br › sdgs

  • Site Valorinveste:

https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/bolsas-e-indices/noticia/2020/12/01/bolsa-divulga-empresas-do-indice-de-sustentabilidade-de-2021-veja-a-lista.ghtml

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“E S G” as três letras que estão transformando o mundo corporativo Parte I