O futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, anunciou nesta sexta-feira (30) mais dois nomes para a sua equipe de governo. Para o comando do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ele anunciou o nome de Roberto Leonel, auditor e chefe da área de inteligência da Receita Federal. Moro lembrou que a ideia é transferir o Coaf da Fazenda para a Justiça, o que ainda depende da aprovação do Poder Legislativo. “Eu considero que a mudança para o Ministério da Justiça é oportuna”, disse. Em entrevista, Moro também informou que a Senad (Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas) será conduzida pelo procurador da Fazenda Nacional Luiz Roberto Beggiora. O futuro ministro também avalia contar em sua equipe com Marcio Anselmo, que veio da Lava Jato e trabalhou com o ex-juiz federal durante o início da operação, tendo sido peça fundamental. Desde que aceitou o convite para assumir o Ministério da Justiça, Moro cercou-se de delegados da Polícia Federal para os cargos estratégicos e definiu as principais linhas de atuação para a pasta. Para cinco dos principais postos do próximo ministério, os indicados são todos da Polícia Federal: Maurício Valeixo, que será diretor-geral do órgão, Luiz Pontel de Souza, secretário-executivo, Rosalvo Ferreira, secretário de Operações Policiais Integradas, Fabiano Bordigon, chefe do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e Erika Marena, chefe do DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação). Diariamente presente no gabinete de transição do governo, em Brasília, o ex-juiz federal vem demonstrando que tratará como prioridade duas das principais bandeiras de campanha do presidente eleito: o combate à corrupção e a redução dos números de violência. Os discursos e as nomeações até agora foram nesse sentido, tendo como modelo declarado o da Operação Lava Jato, carro-chefe de sua carreira na Justiça Federal. A estrutura anunciada por Moro tem o objetivo central de mirar o combate à lavagem de dinheiro, tanto para crimes de corrupção como para tráfico de drogas, e, de outro lado, trabalhar em cima da integração entre policiais de todo o país. Serão esses os principais pilares da próxima gestão. Como mostrou a Folha, a estratégia do novo ministério será de asfixiar o crime organizado, atacando o patrimônio dos envolvidos. ‘ESCOLHA CERTA’Mais cedo, Moro encontrou casualmente o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto. Os dois se cumprimentaram em restaurante do CCBB (Centro Cultura Banco do Brasil), onde despacha a equipe de transição. Na rápida conversa, Ayres reconheceu que preferia ver Moro na Justiça Federal, mas lhe desejou sorte. “Eu queria vê-lo lá, onde estava, mas já que fez a opção, torço muito por você, que se saia muito bem”, disse. Em resposta, Moro disse que as intenções são as melhores, mas que a execução ainda é incerta. Ayres, então, disse acreditar que tudo dará certo. “E eu vou convencê-lo que fiz a escolha certa”, disse Moro.